#01: NanoGlossário: Nanoestruturas
- Natália Santos
- 18 de dez. de 2024
- 4 min de leitura

Para trabalhar com nanobiotecnologia, é essencial dominar um conjunto de conceitos fundamentais. Muitos termos podem parecer semelhantes e levar a confusões, mas o NanoGlossário veio para descomplicar! Este é o primeiro post da série, que tem como objetivo principal disseminar os principais conceitos da nanobiotecnologia para estudantes de graduação, pós-graduação e profissionais interessados.
Vamos juntos?
Nanoestruturas

De acordo com a literatura, uma nanoestrutura é uma estrutura de tamanho intermediário - entre a escala microscópica e molecular (Siontorou et al., 2019a). Vale ressaltar que há divergências sobre o que deve ser considerado como tamanho intermediário. De acordo com a definição original do engenheiro de materiais Norio Taniguchi, criador do termo "nanotecnologia", um nanomaterial só pode ser considerado assim se possuir dimensões entre 1 e 100 nm (Taniguchi N., 1974). Esse conceito é seguido principalmente nas áreas de ciências dos materiais e física.
Porém, em áreas como a saúde, essa definição é mais ampla e segue as considerações do FDA, lançadas em junho de 2014:
"I. se um material ou produto é projetado para ter pelo menos uma dimensão externa, ou uma estrutura interna ou de superfície, na faixa de nanoescala (aproximadamente 1 nm a 100 nm);
II. se um material ou produto é projetado para exibir propriedades ou fenômenos, incluindo propriedades físicas ou químicas ou efeitos biológicos que são atribuíveis a sua dimensão (s), mesmo se essas dimensões estejam fora da faixa de nanoescala, até um micrômetro (1.000 nm)" ”.
Portanto, a definição de nanomateriais é ampla e pode causar confusão. Por isso, é essencial compreender o objetivo de estudo e a área de aplicação.
Dimensões na Nanoescala
Assim como os materiais em escala macroscópica, os objetos na escala nanométrica apresentam características como espessura, superfície e diâmetro, que variam conforme sua forma. Muitas vezes, associamos nanoestruturas às partículas esféricas, mas isso nem sempre é verdade. Como veremos nesta série, nanoestruturas podem apresentar diferentes geometrias.

Por exemplo, se apenas uma dimensão de um material está na nanoescala — como o diâmetro de um nanotubo de carbono, que varia entre 0,1 e 100 nm, enquanto seu comprimento pode atingir até 1 cm — ele ainda é considerado um nanomaterial.
Classificação das Nanoestruturas
As nanoestruturas podem ser classificadas de acordo com suas dimensões na escala nanométrica, e essa classificação é essencial para compreender suas propriedades e aplicações. A divisão mais comum é a seguinte (Siontorou et al., 2019b; Bhushan B., 2017; Iijima, S. 1991):
0D (zero dimensões): Representam estruturas onde todas as dimensões estão na escala nanométrica, como os pontos quânticos. Essas estruturas possuem propriedades eletrônicas únicas devido ao confinamento quântico.
Quantum Dots. Avantama, 2024 1D (uma dimensão): Incluem nanofios e nanotubos, onde apenas uma dimensão excede a nanoescala. Essas estruturas são frequentemente utilizadas em dispositivos eletrônicos e sensores devido à sua alta condutividade elétrica e resistência mecânica.
2D (duas dimensões): São estruturas como nanofilmes e nanofolhas, com duas dimensões na escala nanométrica. Os materiais bidimensionais, como o grafeno, possuem propriedades excepcionais, incluindo alta resistência e excelente condutividade térmica.
3D (três dimensões): Nanoestruturas em que todas as dimensões estão na nanoescala, como as nanopartículas esféricas. Essas são amplamente utilizadas na liberação controlada de medicamentos e em cosméticos devido à sua grande área superficial e reatividade.
Essa classificação não só organiza os diferentes tipos de nanoestruturas, mas também facilita a compreensão das interações entre suas dimensões e propriedades.
Contexto Histórico
O termo "nanotecnologia" foi introduzido em 1974 pelo engenheiro de materiais Norio Taniguchi para descrever a manipulação de materiais em escalas atômicas e moleculares. Entretanto, os conceitos fundamentais que embasaram essa ciência emergiram décadas antes. Richard Feynman, em sua famosa palestra de 1959 intitulada "There’s Plenty of Room at the Bottom", lançou as bases para o estudo de estruturas na escala nanométrica, sugerindo que poderíamos, um dia, construir materiais átomo por átomo.
Com os avanços tecnológicos nas décadas seguintes (Binnig, G., Rohrer, H., 1986)., especialmente com o desenvolvimento do microscópio eletrônico de varredura (SEM) e do microscópio de força atômica (AFM), tornou-se possível observar e manipular materiais em escala nanométrica. Esses avanços abriram caminho para diversas aplicações, incluindo a nanobiotecnologia, que integra conceitos da nanotecnologia com áreas como biologia, química e saúde.
E aí, o que achou desta edição? Deixe sua opinião nos comentários e vamos conversar!
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Referências (expandir)
Bushan, B., 2017. Springer Handbook of Nanotechnology . Springer. 4ª edição.
Binnig, G., & Rohrer, H., 1986. Scanning tunneling microscopy. IBM Journal of Research and Development, 30(4), 355-369.
Drexler, K. E., 1986. Engines of Creation: The Coming Era of Nanotechnology. Anchor Books.
Duncan, R., & Gaspar, R., 2011. Nanomedicine(s) under the microscope. Molecular Pharmaceutics, 8(6), 2101–2141.
Feynman, R., 1960. There's Plenty of Room at the Bottom: An Invitation to Enter a New Field of Physics. Engineering and Science, 23(5), 22-36.
Iijima, S., 1991. Helical microtubules of graphitic carbon. Nature, 354(6348), 56-58.
Liu, Y., Miyoshi, H., & Nakamura, M., 2007. Nanomedicine for drug delivery and imaging: A promising avenue for cancer therapy and diagnosis using targeted functional nanoparticles. International Journal of Cancer, 120(12), 2527-2537.
Nel, A. E., Madler, L., Velegol, D., Xia, T., Hoek, E. M., Somasundaran, P., ... & Thompson, M., 2009. Understanding biophysicochemical interactions at the nano–bio interface. Nature Materials, 8(7), 543-557.
Siontorou et al., 2019a. Chapter 15: Challenges and Future Prospects of Nanoadvanced Sensing Technology. Advanced Biosensors for Health Care and Applications, Elsevier Inc.
Siontorou, et al., 2019b. Emerging technologies in nanosensors for pharmaceuticals. Elsevier.
Taniguchi, N., 1974. On the Basic Concept of 'Nano-Technology'. Proceedings of the International Conference on Production Engineering. Japan Society of Precision Engineering. p. 18-23.
U.S. Food and Drug Administration (FDA), 2014. Guidance for Industry Considering Whether an FDA-Regulated Product Involves the Application of Nanotechnology. U.S. Department of Health and Human Services, Food and Drug Administration.
Whitesides, G. M., 2003. The ‘right’ size in nanobiotechnology. Nature Biotechnology, 21(10), 1161-1165.
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